Heróis pretos do Brasil: celebrando a contribuição de figuras notáveis

Em razão do Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, o analista de Comunicação e membro do Grupo Diversidade e Inclusão da Previdência Usiminas, Fabiano Jacinto*, preparou um material sobre referências negras no país.

*Fabiano Jacinto é analista de comunicação, designer e membro do grupo de Diversidade e Inclusão da Previdência Usiminas

O Programa de Diversidade e Inclusão foi iniciado em 2021 e estruturado em 2022, ano em que os temas “Pessoas” e “Diversidade e Inclusão” foram incluídos nos Valores da Previdência Usiminas, como resultado da revisão do Planejamento Estratégico da Entidade. Desde então, tem sido realizadas várias ações visando disseminar conhecimento e criar um ambiente mais diverso e inclusivo, valorizando pessoas. Confira o artigo abaixo. 

O legado da escravidão no Brasil

Ao longo da história do Brasil a luta contra o preconceito racial tem sido constante e incansável. Desde os dias sombrios da escravidão até os tempos atuais, as pessoas negras do país têm desafiado as adversidades e contribuído de maneira significativa para a sociedade. A desumanização dos escravizados foi uma estratégia cruel para manter o preconceito racial, mas, com o passar dos anos, muitos heróis negros emergiram, desafiando essa narrativa.

O Brasil foi um dos últimos países a abolir a escravidão, há pouco mais de 130 anos. O processo de emancipação foi mal-estruturado e carecia de considerações sobre reparação para aqueles que haviam sido escravizados. A Lei Áurea, de 1888, foi breve e direta em seu único artigo: declarava o fim da escravidão no Brasil. No entanto, a falta de estrutura na abolição, combinada com a desumanização sistemática dos escravizados, estabeleceu as bases para o racismo estrutural que persiste até hoje.

A soberania branca e o embranquecimento da sociedade

Com o tempo, uma ideia de “soberania branca” se estabeleceu no Brasil, influenciando noções de beleza, higiene, talento e inteligência. Isso levou a um “embranquecimento” da população, já que muitos brasileiros, devido ao preconceito sofrido e à falta de referências de iguais, começaram a adotar padrões de beleza, religião e cultura preconceituosa e discriminatória.

Heróis pretos do Brasil

Juliano Moreira – Crédito: Reprodução

Os heróis pretos do Brasil desempenharam papéis cruciais na construção de uma sociedade mais justa e inclusiva. Suas contribuições nas áreas da ciência, literatura, política, saúde, entre outros, enriqueceram a nação e abriram caminhos para gerações futuras. Celebrar esses heróis não apenas honra o legado dos negros no Brasil, mas também nos lembra da importância da igualdade e da luta contínua contra o preconceito racial.

Confira abaixo alguns exemplos que demonstram como a cultura negra influenciou em diferentes áreas na história do Brasil.

Medicina

Juliano Moreira: médico e psiquiatra brasileiro. É considerado o pioneiro na introdução da psicanálise no Brasil, tornando-se o primeiro professor universitário brasileiro a incorporar essa teoria ao ensino de medicina.

Machado de Assis – Crédito: Reprodução

Literatura

Abdias do Nascimento: ator, poeta, escritor, dramaturgo e artista plástico. Foi um incansável ativista dos direitos civis e humanos das populações negras brasileiras.

Machado de Assis: um dos maiores nomes da literatura brasileira. Foi um escritor excepcional, desafiou estereótipos e abriu portas para as futuras gerações de escritores negros.

Carolina Maria de Jesus: escritora e poetisa que ganhou destaque com o livro “Quarto de Despejo: Diário de uma favelada”, trazendo à luz as experiências da vida nas favelas.

Carolina Maria de Jesus – Crédito: Reprodução

Maria Firmina dos Reis: considerada a primeira romancista negra do Brasil, publicou “Úrsula”, um romance abolicionista que desafiou as normas da época.

Dramaturgia

Grande Otelo: renomado ator, comediante, cantor, produtor e compositor brasileiro. Quebrou barreiras e conquistou um lugar especial no coração do público.

Política e História

Luís Gama: patrono da abolição da escravatura no Brasil, advogado, orador, jornalista e escritor. Filho de mãe negra e pai branco, foi o único autodidata e o único a ter passado pela experiência do cativeiro. Pautou sua vida na luta pela abolição da escravidão e pelo fim da monarquia no Brasil.

Antonieta de Barros – Crédito: Reprodução

Irmãos Rebouças: André Pinto Rebouças foi engenheiro e desempenhou um papel importante no movimento abolicionista e no Brasil. Antônio Pereira Rebouças Filho foi um engenheiro militar brasileiro, que obteve notoriedade ao, junto a dois sócios, reformar a ligação de Antonina a Curitiba, conhecida como Estrada da Graciosa.

Antonieta de Barros: jornalista, professora e política pioneira. Foi uma das primeiras mulheres eleitas no Brasil e a primeira negra a assumir um mandato popular.

Maria Felipa de Oliveira: mulher marisqueira e pescadora. Acredita-se que ela tenha participado da luta pela Independência da Bahia. Maria Felipa desafia a narrativa predominante sobre a história da independência.

Música

Henrique Alves Mesquita: músico erudito, negro, fez sucesso em espetáculos teatrais nas últimas décadas do século XIX. Foi professor de Chiquinha Gonzaga, ambos apontados como marcos da música urbana carioca e da formação do choro no Rio de Janeiro.

Influência na culinária

Crédito: Freepik

Você sabia que a cocada contém um pouco da história da cultura negra do Brasil? Afinal, a cultura negra também tem influência na nossa culinária. Uma dessas incluências é a cocada. A cocada tradicional é feita com coco fresco, açúcar mascavo e água. Com o passar do tempo, passou-se a utilizar o açúcar cristal, daí o motivo de hoje em dia também existir a cocada branca. Acredita-se que o doce nasceu no Nordeste, onde o coco era produzido em fartura.

As mulheres escravas eram obrigadas a trabalhar nos afazeres domésticos das casas grandes e, por serem responsáveis pelo preparo das refeições dos escravocratas, levaram a receita para as cozinhas de todo o país. Era costume da população escrava se reunir a noite para dançar, jogar capoeira e entoar cânticos. Nestas ocasiões, as mulheres preparavam a cocada para os presentes.

Além disso, a cocada também está relacionada com as religiões africanas como o candomblé, onde para os adeptos, o doce que representa as crianças é dado como oferenda para Oxalá.

Para celebrar o Dia da Consciência Negra, trazer reflexões sobre o tema e ilustrar essa influência culinária, uma ação foi realizada com a equipe interna da Previdência Usiminas. Cada colaborador ganhou uma cocada tradicional junto a um flyer com uma chamada para este conteúdo.

Fonte: Projeto Querino

Data: 14/11/2023

WordPress Lightbox